Uma Igreja que acolhe a todos - III
O contexto cultural, e até
eclesial, em que nos movemos, afasta o débil, porque choca. Choca com os
valores preponderantes do poder e da força, da eficácia e da eficiência, mas
sobretudo com a vontade de uniformizar procedimentos pastorais, como se todos
fossem iguais...
O acolhimento assume, assim,
uma importância única na pastoral, eu diria mesmo que assume a categoria verificadora
da autenticidade da ação pastoral: uma pastoral que não acolhe a todos não é
“católica”, universal. Esta catolicidade advém, mais do que de qualquer técnica
ou opção metodológica, da vida teologal. Quem acolhe expressa a sua relação com
Deus e a relação Deste com cada ser humano. Ou dito de outra forma, mostra a
sua vida espiritual e consequente compromisso apostólico.
Quando nos referimos aos
frágeis estamos a referir-nos àqueles que, mercê da sua condição física, social
ou psíquica precisam de uma relação especial e de uma atenção específica na
ação pastoral,
que mostre que a Encarnação de Cristo revela a cada ser humano o seu valor,
dignidade, beleza e esperança, abrindo-lhe propostas de sentido, de santidade,
através do anúncio da Boa Nova.
Esta Boa Notícia que, «sobretudo nos ambientes de maior marginalização e
difíceis, nos convida a não confundir o mais original e específico da
santificação com a realização da perfeição psíquica ou moral. A santificação é
um ato de Deus ao qual responde a liberdade humana. É um consentimento de ordem
espiritual, é um mistério de Amor que salva gratuitamente a quem o acolhe em
liberdade».
Este é um acontecimento misterioso que ultrapassa todo e qualquer psiquismo,
mas que deixa as suas marcas na vida daqueles que, segundo as suas capacidades
e o seu modo de expressar, aceitaram, com Cristo, passar da morte à vida.
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