Expressão Artística
Abrindo-se à iniciativa de Deus, sabemos que a
fé é um dom; um acto de adesão e entrega de todo o crente ao Senhor Jesus. No
entanto, para que este dom de Deus seja despertado e estimulado, é necessário
que haja uma abertura humana à entrega livre e total a Deus.
Aqui reside a importância de toda a caminhada
catequética. Na verdade, a catequese, como serviço à Palavra de Deus, é o meio
privilegiado para despertar no catequizando uma resposta de fé viva, explícita
e actuante, levando-o, não só a um contacto, mas a uma comunhão e intimidade
com Jesus Cristo (CT 5). Nesse sentido, entende-se que a catequese não possa
ser vista como um simples ensino. Sendo a fé um dom, esta não pode ser simplemente ensinada, transmitida, mas sim suscitada, em ordem a uma resposta
de fé, como consentimento e compromisso.
Para que tal aconteça, é imprescindível que o
catequista, enquanto educador que acompanha o amadurecimento da fé no
catequizando, esteja consciente da relevância da sua missão de porta-voz da fé
da Igreja, num mundo em constante mudança, marcado pela indiferença religiosa,
bem como pelo crescente desinteresse dos catequizandos pela educação da fé.
Assim, de forma a comunicar a mensagem de Deus, de que é, ele próprio,
testemunha, o catequista deve promover uma pedagogia personalizada, dinâmica e
activa, através do uso de metodologias diversificadas, de modo a que o
catequizando tenha, ao longo do seu processo de crescimento
na fé, um papel interveniente, activo e crítico, motivando-os através de situações de ensino/aprendizagem
diferenciadas e motivadoras.
Em boa verdade, sem centrar a
transmissão do conhecimento numa única metodologia,
assente, muitas vezes, em discursos ou exposições teóricas, o catequista
poderá, recorrer, a um conjunto diversificado de técnicas e métodos de ensino,
os quais poderão contribuir para que a criança se consciencialize,
paulatinamente, da presença de Deus e da fé na sua caminhada de vida.
Para que as mensagens
evangélicas se apresentem como algo novo e original para os nossos jovens, é
importante que o catequista promova novas formas de comunicação da fé, que
promovam no catequizando um responder criativo, assim como uma adesão pessoal e
livre à Palavra divina.
Mais do que o recurso ao livro, a Igreja
necessita, hoje, de novas formas de exprimir a fé. Assim sendo, acreditamos que
a presença da educação artística (a educação pela música, pelo desenho, pela
pintura, pela poesia, pelo jogo, pela expressão corporal, pela expressão
dramática, pela escultura, etc.) nas sessões de catequese poderá ser um
instrumento usado pelo catequista para cultivar, no catequizando, essa
possibilidade de abertura à fé, despertando-o para um itinerário de fé cada vez
mais comprometido e consciente. Não nos esqueçamos que os nossos jovens são,
hoje, particularmente sensíveis a uma linguagem que fala, não apenas à razão,
mas, sobretudo, à sensibilidade, à emoção, à afectividade, à imaginação, ou
seja, à pessoa no seu todo.
O catequista poderá, assim, partir da
visualização de uma escultura, de um poema, de uma tela, para despertar no
catequizando todo um conjunto de sensações e de emoções que o irão ajudar a
reflectir e a aprofundar a sua fé. Mais do que comunicar a Palavra, estas
dinâmicas devem ser vistas como um estímulo, de forma a facilitar o processo
dinâmico da Palavra de Deus.
Deste modo, urge compreender que, mais do que intelectual,
a catequese tem de ser cada vez mais dinâmica, lúdica e festiva, que responda
às expectativas dos nossos jovens. Ao dedicar tempo da sua catequese a estas
actividades, o catequista está a ajudar os catequizandos a ler a sua vida à luz do Evangelho.
Desta forma, acreditamos que a arte, como
linguagem expressiva, fomenta novas formas de expressão e de comunicação mais motivadoras, livres e participadas entre o
catequista e o catequizando, favorecendo a criatividade,
a partilha de saberes, a participação e o encontro com o outro e contribuindo,
pois, para enriquecer a expressão de fé de um grupo, que procura afirmar-se na
sua experiência cristã.
É importante perceber que o catequizando, se não se sentir envolvido e
motivado nas actividades que desenvolve, não interioriza o que está a ser
transmitido. Assim sendo, mais do que ensinar, a missão do catequista é
comprometer o catequizando nas actividades, animá-lo, motivá-lo e comprometê-lo
no seu processo de aprendizagem.
Não há dúvida que é preciso renovar os processos catequéticos mais comuns entre nós. «Mais do que ensinar, a missão do catequista é comprometer o catequizando». Uma catequese dominada pela dinâmica escolar, quer quanto aos métodos, quer quanto ao tempos, tem de deixar de ser a prioridade. Outro aspeto importante referido nesta reflexão é a necessidade de valorizar o estético e o afetivo no processo catequético.
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