A educação cristã na Web VI
Outro aspeto relevante da pedagogia divina é o recurso aos sinais e símbolos: «o emprego de todos os recursos da comunicação interpessoal tais como a palavra, o silêncio, a metáfora, a imagem, o exemplo e tantos sinais diversos, como o faziam os profetas bíblicos» (DGC 140). Mas os símbolos, para cumprirem a sua missão, precisam de uma comunidade de sentido, onde possam ser lidos e percebidos — surtir efeito —, e não se fiquem em meros sinais efémeros[1]. Para que isto seja possível, importa perceber que transmitir é transportar no tempo, fazer herança, e não apenas informar. Logo, não basta a técnica, é preciso um esforço consciente institucional[2].
As comunidades de aprendizagem e a aprendizagem contextualizada, no âmbito da educação, poderão ser as percursoras da Web semântica, ou Web 3.0, na qual a internet, a máquina,se organiza e faz um uso inteligente do conhecimento já disponibilizado online, dando ao cibernauta aquilo que ele procura, por antecipação, a partir de um histórico de visitas ou dos conceitos associados. Para isso, é preciso softwareque vai realizando, ele mesmo, algum tipo de memorização — há quem lhe chame aprendizagem — com o vasto conteúdo disponível na Web, que analisa e elenca de acordo com critérios previamente estabelecidos. É à instituição eclesial que convém determinar esses critérios, já que estamos muito próximos do conceito de inteligência artificial. A diferença entre a Web 2.0 e a Web 3.0 é a diferença entre obter uma lista de respostas e uma solução concreta e personalizada para determinada pergunta. É a diferença entre a sintaxe e a semântica[3].
No campo da educação, esta possibilidade ainda não encontrou a necessária estabilidade conceptual para poder ser introduzida numa reflexão como a que estamos a elaborar. Há já alguns estudos sobre o assunto, mas que não são conclusivos, antes«demonstram que, por estar sendo explorada por apenas algumas iniciativas, sua utilização está pouco consolidada. Os resultados mostraram que diversas ontologias estão sendo desenvolvidas para modelar os objetos de aprendizagem»[4]. A este dado acresce a diversidade de ferramentas que atualmente se estão a utilizar, não ainda de modo satisfatório, «o que confirma a preocupação e interesse da comunidade científica em oferecer ferramentas que possam contribuir para otimizar a qualidade desses ambientes»[5].
[1]Cf. L.-M. Chauvet, Linguaggio e Simbolo. Saggi sui Sacramenti, Editrice Elle Di Ci, Leuman 1982, 17-78.
[2]Cf. R. Debray, Transmettre, ed. Odile Jacob, Paris 1997,177-178; Cf. R. Debray, Manifestes médiologiques, ed. Gallimard, Paris 1994, 41-ss.
[3]Um portal que merece a pena visitar é o http://www.wolframalpha.com/, que não é um mero motor de busca da web 2.0, mas que ensaia uma resposta, em vez de remeter para potenciais respostas. Depois de feita uma pergunta, o sistema processa as respostas recolhendo dados de várias páginas e bases que contenham unicamente informação relevante para essa pergunta em concreto.
[4]A. M. Zem-Lopes,et al, «Uma Revisão Sistemática das Tecnologias da Web Semântica em Ambientes Educacionais»[em linha], in Anais dos Workshops do Congresso Brasileiro de Informática na Educação(2013)578.
[5]Ibidem; Cf. C. H. Marcondes, «Organização e representação do conhecimento científico em ambiente Web: do formato textual linear aos artigos semânticos», in Ponto de Acesso7, 1 (2013) 7-41. Como exemplo desse trabalho veja-se a Tese de Doutoramento de M. C. Malta, Contributo metodológico para o desenvolvimento de perfis de aplicação no contexto da Web Semântica, Tese de doutoramento em Tecnologias e Sistemas de Informação, Universidade do Minho, Braga 2014 [http://hdl.handle.net/1822/30262 (acedido a 12/07/2015)].
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