Catequizar, ato vivo de toda a Comunidade
Na sua
exortação apostólica Catechesi Tradendae,
João Paulo II afirma que todos os cristãos, cada um a seu modo e de acordo
com a sua vocação, são responsáveis pela atividade missionária da catequese, a
fim de conduzir os catequizandos a uma participação ativa na vida da Igreja. «A
catequese não é uma função meramente individual, mas deve realizar-se sempre na
dimensão da comunidade cristã» (MPD 13), sendo dever de toda a Igreja anunciar
o evangelho a todas as pessoas e ajudá-las a crescer na fé.
Com efeito,
a fé não é apenas uma doutrina, um sentimento vago e abstracto, mas um modo de
viver, construído pela íntima comunhão com Cristo. O despertar da fé necessita
de um terreno para que a Palavra de Deus possa produzir fruto. A comunidade
cristã é chamada a desempenhar a sua missão.
De facto, enquanto
pedras vivas da Igreja, é a
comunidade cristã que recebe, vive e testemunha, por gestos e formas de viver,
a Palavra de Deus, e é chamada a dar razões da sua fé. Assim sendo, uma vez que
a comunidade cristã oferece sinais e referências concretas da Palavra de Deus anunciada
na catequese, esta assume-se como um apoio indispensável na educação da fé do
catequizando. Com efeito, para que a palavra transmitida na catequese seja “credível”, esta deve
ver-se realizada na comunidade. Esta educa na fé quando acolhe,
quando ensina e testemunha a vida cristã e quando vive o evangelho como
proposta de vida diferente.
Uma comunidade unida no amor
fraterno e comprometida no serviço a todos, eis aqui uma condição fundamental
da credibilidade da mensagem cristã oferecida pela catequese. A ausência deste
apoio da comunidade na educação da fé explica, muitas vezes, o insucesso de
muitas catequeses. Em boa verdade, a religião cristã, bem como todos os
princípios que lhe são subjacentes, deve ser apresentada como uma realidade
visível e constatável na comunidade cristã e não como algo que “deveria ser”.
Só assim a catequese poderá lançar nos catequizandos raízes profundas e formar
verdadeiros discípulos de Cristo.
No entanto,
ainda que a ação catequética seja uma ação de toda a comunidade, os seus
membros participam de diferentes maneiras nessa missão de educar o catequizando
na fé. Aos pastores compete procurar que a catequese seja uma atividade
prioritária na missão pastoral, suscitar a corresponsabilidade da comunidade
pela catequese e integrar a ação catequética na missão pastoral, «cuidando
especialmente da ligação entre catequese, sacramentos e liturgia» (DGC 225).
Por sua vez,
a família exerce uma influência decisiva na educação humana e cristã dos filhos
(cf. CT 68). É nela que os catequizandos dão os primeiros passos na caminhada
da fé, onde o despertar religioso acontece e onde se estrutura e interioriza a
experiência da fé. O seu contributo é insubstituível, uma vez que a fé é uma
forma de vida que se comunica e não um conjunto de regras e de leis que se
incutem na criança. No entanto, verifica-se, hoje, que os pais se têm vindo a
afastar da responsabilidade de primeiros e principais educadores, sendo cada
vez mais necessário a promoção de formas de sensibilização dos mesmos.
Por fim, os
catequistas ocupam um lugar especial na transmissão da fé, uma vez que é em
nome da comunidade, que estes orientam os vários grupos da catequese. Os
catequistas são o rosto e porta-voz da fé da Igreja e testemunhas da
experiência de fé das comunidades.
Em síntese,
a catequese é obra de toda a comunidade cristã e conduz necessariamente à
comunidade cristã, uma vez que é na comunidade que se deverá iniciar e integrar
plenamente cada discípulo de Cristo. A dimensão comunitária da catequese
implica, pois, uma renovação da Igreja, numa perspectiva de comunhão e de
participação entre todos os membros da comunidade cristã.
Para responder a esses desafios e para que a sua ação seja eficaz, fazem-se necessários caminhos novos e abertos aos problemas atuais.
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