Quero crer
O crer, o acreditar na fé, inaugura uma dimensão excessiva
em relação à produção de sentido. Na dinâmica do crer, o sentido, mais do que
produzido, é acolhido.
O crente, na sua acepção mais genérica, é todo aquele que
reconhece, contempla, se espanta e aceita este estatuto de «ser mistério», a
ontologia de «ser dado». Aceita que o dom originário, embora compreendido e
aceite no seu âmago e nas suas consequências, nunca será totalmente captado e
dominado pelos saberes humanos, quer pela ciência quer pela práxis: apenas
poderá ser acolhido pela pessoa crente
como algo imerecido e, ao mesmo tempo, excessivo em relação a tudo o que sabe e
faz.
O ser humano crente é o que sabe como crente, sabe o mundo e o sentido de forma crente, por
isso age como crente. O crente
sabe-se e sabe o mundo como crente quando se aceita e aceita o mundo como
originados e não como origem e fim em si mesmos, por isso o saber do crente é
um saber de esperança. E porque se descobre e acolhe como dom gratuito, dá-se
aos demais de forma gratuita, com fundamento fora de si — no Outro — pelo que o
saber crente gera a ação caritativa.
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