Dizer Deus: o Novo, de novo!
Num
contexto de nova evangelização, que de nova
só tem o nome, porque é fazer aquilo que sempre se fez, e que Cristo nos
mostrou e em Si realizou: anunciar a Boa Nova, curar os que sofrem e dar vida
em abundância.
A
Palavra de Deus apresenta-se, no Antigo Testamento, sob muitos aspetos, mas
mantém a característica de ser uma palavra que, simultaneamente, revela e
esconde: não se deixa reduzir a simples significados verbais. No Novo
Testamento, esvai-se a diferença de níveis de comunicação entre Deus e o homem,
provenientes das diferentes naturezas.
«Sabendo
Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele que amara os
Seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o Seu amor por Eles»(Jo 13, 1).
E o auge da doação: a palavra articulada faz-se palavra imolada.
Na Cruz, Jesus Cristo mostra o amor de Deus aos homens; a palavra de Deus
esgota-se até ao silêncio. A hora da morte e do silêncio é a suprema expressão
do amor oferecido à humanidade. Aquilo que na comunicação divina é
incomunicável diz-se agora com os braços estendidos e o corpo dilacerado.
À
luz da Ressurreição, a relação entre o homem e Deus é, pois, reflexo do diálogo
trinitário, gerador de comunhão amorosa, na qual o homem é chamado a
participar. Apesar da dificuldade do cidadão hodierno — fechado sobre si e
incapaz de se situar perante o dom —, é preciso continuar a anunciar o Deus que
se fez homem e que diviniza a humanidade pela comunicação do seu ser pessoal.
Anunciar
Deus de forma sanante leva a
descobrir, em conjunto com os vários saberes, outros métodos de comunicar, que
integrem a fé e evitem o absurdo. Processo capaz de ser realizado por aqueles
que falam como se vissem o invisível, sempre em busca de novos métodos de
contar a verdade, marcados sempre pelo imprevisível.
Nesta
dinâmica, cada um acabará por sentir, no mais íntimo da sua humanidade, o apelo
duma Proposta transcendente, que foi por vezes rejeitada enquanto expressa em
paradigmas ultrapassados, mas que surge agora, nova e disponível, para a
reinvenção do futuro. De um futuro com um Deus tão transcendente que não se
deixa reduzir a simples verbalizações que aprisionam, mas tão próximo que chama
cada pessoa, do âmago de cada cultura, a uma sanação libertadora:
oferecendo-lhe o sentido, como dom.
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