A Igreja é Comunhão - VII (ponto de situação)
Se, por um lado, a comunhão aparece como algo de desejável, por outro lado, é uma realidade que todo o homem nasce, vive e morre só. A agudeza desta verdade sente-se a caminho de cada calvário, lugar onde cada um percebe o valor e a importância da comunhão, pois quando experimentamos a ajuda de um qualquer Cireneu, recordamos o de desejo de viver em comunhão.
Mas é precisamente este valor que está em crise, devido às mutações sociais, provacadas pela industrialização e as crescentes mobilidades. A Igreja, existindo neste contexto histórico, também se sente perturbada por tais mudanças sociais, até porque a linguagem usada pela sociedade deixou de ser a religiosa.
Torna-se então claro que a Igreja tem de repensar a sua missão, tem de se repensar. É a sua própria identidade que está em causa. A comunhão — que a Igreja é — pode ser um ponto de ligação entre as duas sociedades. A tarefa que se impõe é a de descobrir as fontes inspiradoras da comunhão: elas são a Sagrada Escritura e as comunidades eclesiais concretas, pois se por um lado a comunidade primitiva experimentou e viveu a comunhão, por outro lado nós hoje conhecemos e experimentamos esta realidade através das comunidades que se lhe seguiram ininterruptamente até hoje.
Segundo a Sagrada Escritura a comunhão humana deriva da comunhão trinitária, como a imagem deriva do original. A própria salvação é obtida através de Jesus Cristo, mas em comunhão com os outros baptizados. Dá-se a mística do encontro entre Deus e os homens, entre os homens e Cristo, e dos homens entre si. Aqui está patente a dinâmica da salvação na qual Deus nos introduz pelo baptismo. O cânone da autenticidade de cada acto comunitário está na Igreja primitiva, na Igreja dos Actos dos Apóstolos. Aí, o exercício da comunhão fazia-se através da participação e da partilha comunitárias.
O Espírito Santo apresenta-se, neste contexto, como o autêntico agente dessa comunhão que converte em católica a Igreja universal, ao integrar a diversidade e pluralidade de elementos. De notar que uma sociedade que se deixa inspirar pela comunhão trinitária não pode tolerar as classes, as dominações a partir de um poder que submete e marginaliza os que ousam ser diferentes, respondendo afirmativamente à sua identidade.
Mas a Igreja, que é comunhão, só se compreende a partir de factos concretos e visíveis: enquanto comunhão eucarística, a Igreja é não só imagem da comunhão trinitária, mas também a sua actualização. Ela não é apenas sinal e meio de salvação, mas também fruto da salvação. Enquanto communio eucarística é a resposta sobreexcedente à questão humana originária da comunhão.
Esta questão é mediada por símbolos; são eles que nos reportam para o mistério. Actualmente há a disparidade entre as objectivações eclesiais e a restante sociedade, havendo a registar muitas contingências que afectam a valorização dos símbolos religiosos, pelo que a Igreja deve fazer-se a si mesma de muitas formas, cada uma delas representa uma acomodação do símbolo aos destinatários. Deste modo, a Igreja presente no mundo, recorda a dimensão esquecida do homem, a dimensão relacional, a que aspira até no além-túmulo.
Algumas formas de comunhão têm na morte a sua fronteira inevitável, o fracasso de todos os messianismos terrenos e a inexistência de uma esperança verdadeiramente universal. A comunhão eclesial, pelo contrário, é comunhão também para além da morte; só ela pode satisfazer o desejo mais íntimo do coração humano. A instituição eclesial deveria ser o espaço onde se vive já o que proclama a fé, o sinal sacramental da fraternidade escatológica, que, além de aguardar o significado, realiza o que significa. As dimensões visível e invisível da Igreja não deviam ser consideradas como duas coisas distintas, mas como duas dimensões implicadas mutuamente.
É, pois, de suma importância que a comunhão se fundamente teologicamente e que se diga: a eclesiologia da comunhão constitui o critério fundamental para a ordenação da Igreja e especialmente para a correcta relação entre unidade e multiplicidade; síntese muito útil numa sociedade da informação ou informacional, pelo que se manifesta a necessidade de cultivar o espírito de comunhão para construir a comunidade.
Mas é precisamente este valor que está em crise, devido às mutações sociais, provacadas pela industrialização e as crescentes mobilidades. A Igreja, existindo neste contexto histórico, também se sente perturbada por tais mudanças sociais, até porque a linguagem usada pela sociedade deixou de ser a religiosa.
Torna-se então claro que a Igreja tem de repensar a sua missão, tem de se repensar. É a sua própria identidade que está em causa. A comunhão — que a Igreja é — pode ser um ponto de ligação entre as duas sociedades. A tarefa que se impõe é a de descobrir as fontes inspiradoras da comunhão: elas são a Sagrada Escritura e as comunidades eclesiais concretas, pois se por um lado a comunidade primitiva experimentou e viveu a comunhão, por outro lado nós hoje conhecemos e experimentamos esta realidade através das comunidades que se lhe seguiram ininterruptamente até hoje.
Segundo a Sagrada Escritura a comunhão humana deriva da comunhão trinitária, como a imagem deriva do original. A própria salvação é obtida através de Jesus Cristo, mas em comunhão com os outros baptizados. Dá-se a mística do encontro entre Deus e os homens, entre os homens e Cristo, e dos homens entre si. Aqui está patente a dinâmica da salvação na qual Deus nos introduz pelo baptismo. O cânone da autenticidade de cada acto comunitário está na Igreja primitiva, na Igreja dos Actos dos Apóstolos. Aí, o exercício da comunhão fazia-se através da participação e da partilha comunitárias.
O Espírito Santo apresenta-se, neste contexto, como o autêntico agente dessa comunhão que converte em católica a Igreja universal, ao integrar a diversidade e pluralidade de elementos. De notar que uma sociedade que se deixa inspirar pela comunhão trinitária não pode tolerar as classes, as dominações a partir de um poder que submete e marginaliza os que ousam ser diferentes, respondendo afirmativamente à sua identidade.
Mas a Igreja, que é comunhão, só se compreende a partir de factos concretos e visíveis: enquanto comunhão eucarística, a Igreja é não só imagem da comunhão trinitária, mas também a sua actualização. Ela não é apenas sinal e meio de salvação, mas também fruto da salvação. Enquanto communio eucarística é a resposta sobreexcedente à questão humana originária da comunhão.
Esta questão é mediada por símbolos; são eles que nos reportam para o mistério. Actualmente há a disparidade entre as objectivações eclesiais e a restante sociedade, havendo a registar muitas contingências que afectam a valorização dos símbolos religiosos, pelo que a Igreja deve fazer-se a si mesma de muitas formas, cada uma delas representa uma acomodação do símbolo aos destinatários. Deste modo, a Igreja presente no mundo, recorda a dimensão esquecida do homem, a dimensão relacional, a que aspira até no além-túmulo.
Algumas formas de comunhão têm na morte a sua fronteira inevitável, o fracasso de todos os messianismos terrenos e a inexistência de uma esperança verdadeiramente universal. A comunhão eclesial, pelo contrário, é comunhão também para além da morte; só ela pode satisfazer o desejo mais íntimo do coração humano. A instituição eclesial deveria ser o espaço onde se vive já o que proclama a fé, o sinal sacramental da fraternidade escatológica, que, além de aguardar o significado, realiza o que significa. As dimensões visível e invisível da Igreja não deviam ser consideradas como duas coisas distintas, mas como duas dimensões implicadas mutuamente.
É, pois, de suma importância que a comunhão se fundamente teologicamente e que se diga: a eclesiologia da comunhão constitui o critério fundamental para a ordenação da Igreja e especialmente para a correcta relação entre unidade e multiplicidade; síntese muito útil numa sociedade da informação ou informacional, pelo que se manifesta a necessidade de cultivar o espírito de comunhão para construir a comunidade.
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